17-11-2021
4 lições que aprendi sobre liderança ao correr uma meia-maratona
Por Paula Braz, Head of Marketing na Xpand IT
Correr uma meia-maratona é uma experiência que vai muito além da prova física em si. É uma viagem de auto-conhecimento e superação que se inicia muito antes do dia da prova. Tudo começa no momento em que calças os ténis e te comprometes a atingir a marca dos 21 kms (ou mais precisamente de 21 097,5 metros). E são as lições que somas ao longo deste percurso de meses que se revelam tão úteis para outros desafios da vida, inclusive os de liderar e inspirar pessoas. Estas são as 4 lições que eu aprendi sobre liderança ao correr uma meia-maratona.
1 – A importância de te auto-conheceres
Quando me propus a correr uma meia-maratona estava longe de imaginar que me encontrava perante um desafio que ia muito além de uma preparação física. Ao mesmo tempo que coloquei as minhas pernas em ação, também a minha mente (maioritariamente sabotadora) tentou convencer-me a cada 5 minutos de que deveria desistir. Mesmo assim, continuei. E a cada minuto extra, cada quilómetro extra, descobria em mim uma resiliência e uma motivação que desconhecia. Rapidamente percebi que, gerindo o diálogo interno, era capaz de muito mais do que imaginava.
Esta primeira lição moldou a forma como passei a encarar a liderança de pessoas. Acredito que ser líder não começa no ato de liderar os outros, mas sim no ato de te auto-liderares. É essa a base a partir da qual aprendes a olhar para ti de forma mais crítica e construtiva, levando esse modo de olhar, com empatia, para os outros. Muito além de gerir pessoas, a auto-liderança permite-te transformar e inspirar os outros.
Da teoria à prática – Quando abracei o desafio de liderar a equipa de marketing da Xpand IT, era líder de 1ª viagem mas, felizmente, já tinha algum trabalho de auto-conhecimento na minha bagagem de iniciante. Assim, perante os novos desafios de gestão que se apresentaram, consegui encontrar estratégias internas para “criar tempo” entre a reação e a ação – ou seja, aprendi a auto-liderar-me antes de liderar os outros. O desafio surgia e eu não dava uma resposta imediata ao mesmo. Levava-o para casa com a certeza de que a resposta viria. E, quase sempre, isso acontecia. Parecia magia, mas não. Era “apenas” a inteligência emocional em ação.
2 – A preparação é tudo (planeia e adapta)
Treinar para uma meia-maratona é um processo muito pessoal. Sai-te (literalmente) do pelo, a todos os níveis. E muito embora possas seguir um plano pré-definido é importante saberes ouvir-te para que, de acordo com os objetivos que pretendes atingir, consigas adaptar o plano àquilo que faz mais sentido para ti. Por isso, rapidamente entendi a importância de fazer o trabalho de casa e de preparar os meses que se iriam anteceder à prova, bem como rever o meu plano, sempre que necessário. E quando falo de preparação, refiro-me não só aos treinos, mas também a todas as rotinas envolventes (alimentação, descanso, horas de sono, etc.). É o equilíbrio entre todos esses pontos que, no final do dia, te permitem garantir a melhor performance.
Esta segunda lição é algo que tenho levado para a liderança de pessoas. O planeamento é essencial e até pode derivar de algo pré-definido, mas é muito importante que seja sempre adaptado. Cada situação é única, cada contexto é único, cada pessoa é única e, como tal, cada planeamento também o deve ser. Saber adaptar é a chave, sempre com uma boa dose de improviso e intuição.
Da teoria à prática – Quando trabalhas em marketing, sobretudo no marketing de uma tecnológica, depressa entendes que o planeamento tem que ter a capacidade de ser altamente inovador e, por isso, de ser simultaneamente robusto e flexível. Na cultura de inovação da Xpand IT promovemos um contínuo alinhamento da estratégia com a realidade, por isso os nossos planos de marketing são alvo de revisões constantes, para além de se suportarem numa metodologia ágil de OKRs.
3 – O prazer (também) está na viagem
Correr uma meia-maratona é muito mais do que realizar uma prova de 21kms. É o somatório de meses de treino físico, mental e emocional que te elevam a um outro nível. E é isso que torna este desafio em algo tão especial. A verdade é que, quando cruzas a meta, já não és a mesma pessoa que, um dia, calçou pela primeira vez os ténis de corrida.
Quando encaras o desafio de liderar, a experiência é analogamente semelhante. Liderar é muito mais do que, no fim do dia, gerir pessoas. É sim um processo que, diariamente, te desafia e transforma enquanto profissional e pessoa. E é ao longo do processo (da viagem) que vais crescendo, mudando e descobrindo formas de seres mais e melhor líder para quem por ti é liderado. E esta perspetiva de aprendizagem e melhoria contínua torna a viagem especialmente saborosa e o destino (o alcançar de um objetivo, o atingir de um resultado, a concretização de uma visão) ainda mais gratificante.
Da teoria à prática – Sem dúvida que liderar pessoas é a experiência profissional mais enriquecedora que já vivi e também a que mais me tem feito crescer. No início, o grande desafio era o de conseguir garantir a operacionalidade do departamento, compreendendo as particularidades de cada pessoa que faziam parte da minha equipa. Hoje, dois anos e meio depois, esse desafio já se encontra em velocidade de cruzeiro, mas continuo a crescer como líder. Com desafios mais estratégicos na mira, mas mantendo sempre um foco em contribuir para o desenvolvimento de cada uma das pessoas que formam a minha equipa e que, todos os dias, têm o dom de me surpreender.
4 – Do individual para o coletivo
Muito embora a corrida seja, em essência, um desporto individual, cada um de nós, enquanto ser colaboracionista, valoriza pertencer a algo maior, sobretudo se esse algo tiver um impacto positivo e significativo em si mesmo e nos outros.
É por isso que muito embora eu tenha preparado e participado na meia-maratona sozinha, foi para mim essencial sentir que tinha uma rede de apoio durante o processo e que, no final do dia, a conquista, a celebração era maior do que eu – era algo realmente coletivo.
Esta quarta e última lição que partilho contigo é, para mim, das mais importantes na liderança de pessoas. O sentido de missão coletiva é o Santo Graal que nunca deve falhar no horizonte de quem lidera. Aprender a conciliar a missão coletiva com os interesses individuais, sempre em linha com o propósito organizacional, é a chave para garantir a motivação, o alinhamento e a felicidade de quem trabalha contigo.
Da teoria à prática – sempre que uma pessoa entra no departamento de marketing, apresento o organograma interno da equipa e faço questão de ressalvar que, muito embora, cada um tenha as suas responsabilidades, na hora da verdade, os “papéis” desaparecem em prol do bem comum. E é essa certeza de fazer parte de algo maior, que norteia o dia-a-dia de cada um de nós e nos permite manter, para além das nossas motivações individuais, o alinhamento e motivação enquanto equipa.
Conclusão (Resumindo e baralhando)
Muito mais do que uma prova física, realizar uma prova de 21kms ensina-te muito sobre quem tu és, mostrando as tuas verdadeiras capacidades e limitações. Analogamente, liderar pessoas vai muito além de uma função de gestão. É antes o gigantesco desafio profissional que te dá a possibilidade de inspirar e transformar a vida dos outros, conciliando motivações pessoais, rumo a um propósito comum. E, acredito profundamente que a minha missão enquanto líder passa por agilizar todas as ferramentas possíveis para que cada uma das minhas pessoas possa crescer e ser verdadeiramente fabulosa naquilo que quiser ser. “A liderança não é um pedestal, mas sim uma base.” – Autor Desconhecido
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